Capítulo 238 - Por dentro de cada um, há dores e mistérios
Sentado no banco da área externa do seu trabalho, abaixo de uma amoreira ainda sem frutos, Amadeu segurava um sanduíche integral de frango já parcialmente devorado com a mão direita e respondia mensagens de texto no celular com a esquerda, quando um trovão o situou novamente no momento presente. Só com o rugir de Zeus percebeu que, apesar de terem se passado vários minutos de meio-dia, o céu estava escuro, armando um temporal daqueles que sabia que lhe trariam problemas para voltar para casa. Era por esse e outros motivos que Amadeu preferia o turno noturno: o trabalho era mais movimentado, mas, pelo menos, evitava a hora do rush. Aceitara trocar de turno com Olavo já havia quase um mês. Era aniversário de cinco anos de casamento de seu colega, que levaria sua esposa para um almoço especial num restaurante chique com um lindo jardim. Se soubesse que São Pedro estava planejando um dilúvio para esse dia, Amadeu não teria aceitado a troca. Mas se o temporal fosse de conhecimento públ...