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Mostrando postagens de 2012

Capítulo 155 - Eu tenho medo!

Parafraseando Regina Duarte: "Eu tenho medo!". Diferentemente desta, meu medo não se resume ao PT estar no poder. Diria que meus medos (no plural) são de caráter mais físico do que sócio-político-ideológico. Tenho medo, por exemplo, de cair. E sei o quanto isso é irônico se levarmos em conta meu péssimo equilíbrio e meu hábito de tropeçar, no mínimo, 7,5 vezes ao dia. Também tenho medo de certos animais. Aranhas e escorpiões assombram meu subconsciente em tal magnitude que eu frequentemente sonho que estou sendo perseguida por um destes, tento correr, caio, começo a me arrastar pelo chão enquanto o bicho segue andando calmamente atrás de mim, me deixando ser traída pelo meu próprio desespero. Também não gosto de traças, mas aí não é medo, é VONTADE DE MORRER! Acho esse ser tão asqueroso que minhas entranhas se contorcem todas. Mas o pior dos medos que eu tenho, e também tema do presente capítulo, é o medo do meu próprio corpo. Ou melhor, o medo do fato de não ter ...

Capítulo 154 - Bem, amigos!

- Bem amigos, estamos aqui nessa tarde de quinta-feira para assistir a execução do uúúúltimo ensaio do mestrado da Rrrrrrrraquel. Este que é o trigésimo quarto ensaio dessa jogadora, que sempre se mostrou uma aluna exemplar! Que deu de tudo pela pesquisa, pelo amor à camisa da Geotecnia...! Arnaldo César Coelho certamente vai reiterar os adjetivos dados por mim à essa mulher que se mostrou uma heroína! - Bem, Galvão, não é bem assim. A Raquel foi prejudicada por muitos acontecimentos extraordinários durante os últimos meses, mas parte dessa luta aí pelo título se deve também ao hábito de deixar tudo pra última hora. - Não, não, não, não. Deixar pra última hora ela não deixou! Pera lá! Deixar pra última hora ela não deixou! - O que eu sei é que tiveram alguns atrasos no cronograma injustificados. - Vamos fazer o seguinte! Vamos ver a matéria que o estúdio preparou pra tirar as dúvidas... Começa a matéria. Raquel aparece em câmera lenta e em tons de cinza ao fundo, su...

Capítulo 153 - Cocoon

Estava eu sentada no ponto de ônibus ao lado de um velhinho, esperado o tão amado 330 pra ir para a faculdade. Os ônibus aqui em Campinas têm hora marcada mas eu, em 2 anos dessa vida paulista, não me dei ao trabalho de procurar saber os horários, pois estou por demais acostumada com a rotina de cidadão carioca menosprezado pelos órgãos públicos. Nem 30 segundos depois de eu me acomodar, sentou-se do meu outro lado um outro velhinho e eu me vi num sanduíche de idosos, onde eu era um recheio jovial envolto por dois pães que por acaso cheiravam a naftalina. Passados 10 minutos, os velhinhos se ligaram que conheciam um ao outro e iniciaram o papo mais tragicômico do ano, e eu no meio: - Ãh? Oi! Oi, Fulano! - Oi, tudo bom? - Minha mãe morreu! - Ahn... - Minha mãe morreu! - Oi? - A MINHA MÃE MORREU! - QUEM MORREU? - A MINHA MÃE! - Ah. Bom, nada dura pra sempre, né. - Ééé... A julgar pela surdez e número de rugas de ambos, eu estimo...

Capítulo 152 - Aventuras de um PED

Entro na sala de aula. Por volta de 40 alunos me encaram com seus melhores olhares de expectativa. "E não é o meu sucesso que eles estão esperando" resigno-me. - Vamos resolver a lista de exercícios hoje - digo - quem não quiser acompanhar a aula, não precisa ficar, não vou dar falta - viro-me para o meu caderno. Sentada na primeira fileira há uma aluna típica dessa geração adorável: camiseta da Abercrombie, shorts antes da metade da coxa, iPhone num case de bichinho e postura autossuficiente. - Professora, você pode colocar os enunciados da lista no quadro? - ela pergunta, com a sua ensaiada carinha de anjo. - Ué - admiro-me - a lista está no site tem duas semanas. Você não imprimiu ou tirou xerox de ninguém? - indago, aliás, são apenas duas folhas, duas míseras folhas. - Olha só - ela me responde. Sim, exatamente nesse tom - eu não tenho impressora em casa (a-hã..), não vou ficar gastando R$400,00 por mês em xerox (2 folhas..) e não concordo em ficar gastando pape...

Capítulo 151 - O que é amadurecer?

Sou eu que estou ficando velha e antiquada ou é o mundo que está ficando escroto? Tenho cada vez mais a impressão de que não me encaixo no ambiente em que vivo, sou desadaptada, e que as pessoas que me cercam não compreendem as condições mínimas de uma convivência sadia. Hoje, dizer algo legal pra alguém é raridade.  A maior parte das pessoas quer simplesmente ser vista e não querida, então vale fazer gracinha e brincar com o sentimento alheio. Outro dia estava conversando com um amigo que passa pela mesma situação. Parece que a palavra consideração e carinho sumiram do vocabulário de 98% das pessoas desse mundo. Elas pensam "eu vou viver a minha vida e foda-se se as pessoas que gostam de mim vão se magoar", confundem maturidade com descaso, com indelicadeza, e acham que a "obrigação" das pessoas maduras de passar por cima das coisas se aplica a receber grosseria na cara e continuar sorrindo. Esse ano está sendo de grande aprendizagem pra mim. Aprendi, por exe...

Capítulo 150 - Por que? Sério, por que?

"Oii, tudo bom? Você vem almoçar na Unicamp hoje?" - Foi com essas meras e ingênuas palavras que começou um mal entendido monstruoso. Inseri o número de um amigo meu de forma errada na minha agenda. Ao invés de um "2", coloquei um "5" e nem percebi. Só notei que ele não havia respondido meu SMS, mas naturalmente achei que ele estava ocupado e depois acabou esquecendo. Fui lembrada dessa mensagem HOJE quando recebi um telefonema cheio de raiva perguntando quem eu era e porque eu estava mandando mensagenS para o pai dela, que é casado há 25 anos. Apesar de toda a minha explicação de que havia sido um engano, que eu havia colocado o número do meu amigo errado na minha agenda, a tão feroz prole insistia em tentar arrumar uma brecha nas minhas explicações e queria porque queria "acertar as coisas pessoalmente". Das duas uma: ou essa história de "pai" foi uma desculpa pra um namorada neurótica vasculhar a vida do namorado, ou esse ...

Capítulo 149 - O desenlace do exame físico

Recebi muitas cartas dos meus fãs curiosos pra saber o desenlace daquele drama russo do exame físico do Krav Magá. Como sou uma pessoa caridosa e sempre atendo às súplicas dos meus fãs, cá estou eu para contar as minúcias de um dia tão esperado e tão batalhado na minha vida. Mentira, quem eu estou querendo enganar? Eu sei que 99,9% de vocês ficou sabendo disso pelo facebook e curtiu o post só por consideração, mas eu estou no clima de contar os detalhes hoje. Alguns já ficaram sabendo que meu tão querido amigo levou uma lição de humildade pra vida. Naquele fatídico dia, o sol brilhou, o ar secou, o professor mandou a gente correr um percurso escroto e só quem passou no exame físico de Campinas fui eu. Mas eu não estou aqui pra cantar a derrota de ninguém, até porque depois o exame foi refeito por quem não tinha conseguido e ele passou no final de semana seguinte. Mas acho que foi uma semana na qual ele pôde aprender uma ou outra coisa. Enfim, passada a tão famigerada corr...

Capítulo 148 - Do contras

Sei que um dia eu repeti aqui no blog uma frase que meu sapientíssimo professor de Fundações  sempre  proferia  e era "a discordância é formidável e move o mundo", ou algo parecido. Hoje em dia, porém, eu faria a propaganda contra.  Não que eu não ache que trocar ideias, opiniões e pontos de vista esteja fora de moda e que não nos vai levar a lugar algum. Não é isso. É que hoje parece que AS PESSOAS são movidas à discordância e isso me fatiga. Faça o teste. Coloque uma frase levemente polêmica no seu facebook como, por exemplo, "Detesto quando uma velhinha carente vem conversar comigo na fila do banco" e espere 5 minutos. Você vai levar esporros tão homéricos e colossais, que vão deixar aqueles que você recebia da sua mãe no chinelo. Noventa  e cinco porcento dos comentários serão ao estilo de "pobrezinha da velhinha, não tem ninguém pra conversar com ela", "você deveria respeitar mais os idosos" e "quando você for idoso também ficará f...

Capítulo 146 - A babaquice não tem idade

Caros leitores, para os que ainda não se tocaram, aqui vai uma verdade incontestável a respeito do Planeta Terra: Ele está absolutamente, completamente, transbordantemente repleto de gente BABACA! Um estudo que eu li não importa onde feito por não importa quem afirma que a cada 1 pessoa legal que você possa conhecer, existem aproximadamente 83 babacas, sendo destes, 21 babacas de primeira categoria. Eu estou tendo o delicioso prazer de ser obrigada a conviver com um destes babacas de primeira categoria no Krav Magá, num dos momentos mais críticos desde a minha chegada aqui em Campinas: a proximidade do terrível e famigerado exame físico para a faixa verde.  Este exame conta com as seguintes tarefas a serem cumpridas: - 10 barras - 10 paralelas - 60 flexões - 80 abdominais em 2 minutos (encostando o cotovelo no joelho) - 5 levantamento de peso, enrolando a faixa  e - correr 3 km em 14 minutos. Como vocês são inteligentes e repararam no suspense pa...

Capítulo 145 - Pequenos (e caros) prazeres da vida

Visitar a casa dos pais é sempre um momento único e uma aventura inesquecível. Ainda mais quando você  não consegue uma passagem de avião compatível com o bolso e tem que passar 7 horas num ônibus, das 23h00 às 6h00. Mas dessa vez eu particularmente me senti dormindo na minha cama, que exatamente dois meses depois de adquirida começou a se deformar como uma gelatina fora da geladeira e me proporcionar dores nas costas e noites mal dormidas que nem o vizinho da furadeira era capaz. Mas tudo isso compensa quando você chega em casa, abre o congelador e tem um pote de Häagen-Dazs Macadamia Nut Brittle. Aaaah, o poder do sorvete!

Capítulo 144 - Murphy contra-ataca

Sexta-feira, Murphy deliberadamente resolveu me punir por postar contos fofinhos no meu blog. Só pode ter sido essa a razão pra tamanha onda de azar a qual fui acometida. Ou foi isso ou foi o atípico despertar cedo de bom humor. Aaaah, não acreditam? Aaaaah, vocês acham que eu estou exagerando, né? Pois bem, eu conto pra vocês. Chego na faculdade logo cedo para executar meu ensaio. Após a colocação de todos os aparelhos, fui ligar meu laptop, já que a aquisição dos dados é digital, e descubro que a bateria está baixa. Resolvo pegar a extensão para ligar o carregador e o carregador resolve não ligar. Dou uma viradinha no fio pra lá e pra cá pra ver se era problema de mau contato. Não era. Testo em outras tomadas. Nada. Ok, vamos apelar. Fui falar com meu orientador, que entende de eletrônicos e afins. Ele abriu o carregador e chegou ao mui otimista diagnóstico: "Xiiii, melhor comprar outro." e me emprestou o laptop dele para fazer o ensaio. Liguei o laptop, instalei o ...

Capítulo 143 - Enquete

Domingo, ao voltar do almoço de Páscoa na casa da vó do fenômeno de ônibus, o motorista conseguiu realizar a façanha de passar do lado da rodoviária e fazer um retorno em Boa Vista pra entrar na dita cuja, tendo que pegar duas rodovias pra voltar e adicionando mais de 40 minutos ao tempo total de viagem. Após muito pensar, cheguei a 3 possíveis causas para tal acontecimento: a) O caminho da rodoviária é realmente confuso, e qualquer pessoa sem um senso de direção muito aguçado poderia se perder; b)  Por motivos de feriado, a Viação Cristália escalou até os faxineiros para dirigirem os ônibus extras que foram colocados na rota, c) A Raquel estava no ônibus.

Capítulo 141 - Raquel e o espelho

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Dia 31 de janeiro deste ano eu comprei um item que a muito fazia falta aqui na minha sala meia decorada. E sim, é "meia decorada", porque só metade dela estava decorada. A outra metade tinha sido deixado em completo e absoluto abandono de estilo.  Por fim, o item era um lindo espelho que ficou ainda mais lindo quando entrou em promoção e atingiu patamares acessíveis para que eu comprasse. A loja me deu um pequeno prazo de 30 dias para a entrega. Trinta dias depois eu fui descobrir que eram "úteis" e não "corridos". Como eu passo grande parte do dia fora de casa, seria muitíssimo provável que eles tentassem entrar em contato comigo e não conseguissem, então eu liguei uma vez por semana até que uma alma boa me disse que ele tinha chegado e que tinham agendado a entrega para terça-feira de manhã. Com a minha vastíssima experiência de 25 anos, eu aprendi que é pra não lutar contra as agendas de serviços. É melhor você se submeter ao horário e dia que eles ...

Capítulo 140 - Traumas de páscoa

Os que me conhecem o mínimo, sabem que a Páscoa é o meu feriado preferido. Obviamente não pelo simbolismo da ressurreição e tudo o mais, mas pelo chocolate. E não adianta, os pão duros podem argumentar o quanto quiserem que o chocolate do ovo de Páscoa é extremamente mais caro do que os em barra, mas eu creio fervorosamente que eles adicionam algum ingrediente especial que torna os ovos de Páscoa muito mais gostosos. Acho que é cocaína. E também tem as edições limitadas, as misturas que você só vê nessa época do ano. Vale a pena mencionar o de chocolate branco com côco da Kopenhagen, simplesmente divino, o ovo com casca trufada de brigadeiro da Cacau Show, que já está me fazendo salivar, e o ovo da Ferrero Rocher, que apesar de ser fino e muito caro, é uma mistura MARA de chocolate com pedacinhos de avelã. Gostaram como eu dei minhas sugestões de presentes de forma sutil? Pois é, aprendam. A nossa memória dos tempos primórdios de nossa existência é muito curiosa. Sempre...

Capítulo 139 - Cry baby cry

Eu sei que eu sou cri-cri, implicante, chata, velha, ranzinza e tudo o mais. Eu sei. E não precisa adicionar mais adjetivos na listinha, já estou trabalhando pra aceitar os que eu mesma me dei. Mas não tem coisa que me irrita mais nesse mundo do que ver uma mãe tratando o filho eternamente como um bebezinho. Em poucos dias, vi tantos exemplos disso que a revolta tomou proporções suficientes para ser extravasada aqui no meu adorado  (por mim) blog. Uma dessas situações ocorreu ao pegar um ônibus. O filho da cobradora, que deveria ter por volta de 7 anos, estava no ônibus sentado do lado do motorista naquela parte mais alta que minha ignorância em mecânica não me permite afirmar do que se trata (o motor?), chupando chupeta, rindo com um risinho bobo e gritando "mãe, eu vou cair hahaha mãe, eu vou cair, mãe! hahahaha" e a mãe toda toda com ele "É filhinho, hahahaha". Véi, na boa, se fosse meu filho eu já mandava algo como "Moleque, se você acha que vai cair, ...

Capítulo 138 - Verão nos alpes paulistas

Insuportável e desumano. Essas são as palavras mais apropriadas pra descrever o verão no Rio de Janeiro. Tudo bem que lá é calor o ano inteiro e, quando os termômetros marcam temperaturas abaixo de 20 graus, o pessoal já começa a tirar a poeira do sobretudo que estava encostado no armário. Tudo bem que lá é humanamente impossível vestir uma calça jeans entre os meses de novembro e março. E tudo bem que faz tanto calor que não dá nem pra ir pra praia sem ficar com uma insolação de leve e você bebe, em média, 3 litros de água por dia. Mas é que eu achei que estava me mudando pros Alpes Paulistas e que aqui as coisas iam ser diferentes. Mas não são. Ok, Campinas não é tão quente quanto o Rio de Janeiro. Aliás, eu creio fervorosamente que acontece algum fenômeno geológico-climático-sobrenatural que faz com que aquele lugar seja irritantemente quente o ano inteiro. Não é possível. Mas em uma coisa o Rio de Janeiro é melhor do que Campinas no verão. E essa coisa divina se chama Aparel...

Capítulo 137 - As malas e a escada

Morar no último andar tem lá as suas vantagens. O barulho da rua é, teoricamente, menor do que nos andares mais baixos, você, que não tem um espelho decente em casa, sempre acaba tendo um tempinho sozinha no elevador pra checar o outfit completo e fazer uma limpeza de pele (quem nunca espremeu um cravo no elevador que atire a primeira pedra!!) e você ainda paga de rico por morar na cobertura (mesmo que o seu prédio NÃO tenha cobertura - meu caso)! Uma desvantagem clara foi constatada por mim ontem, obviamente, na hora de maior necessidade. Estava vindo pro Rio comemorar meu aniversário com familiares e amigos queridos. Acordei na hora que pessoas normais de férias estão indo dormir (5 da manhã) pra ter tempo de me arrumar tranquilamente e ir ao aeroporto. Cheguei no banheiro, liguei a luz e fui surpreendida por uma luz bruxuleante, espasmódica, fraca e extremamente assustadora. Achei que a lâmpada estava com mal contato, subi no vaso e cutuquei-a com o pente de plástico. Nenhum ...

Capítulo 136 - Tio da Sukita

Data: 04 de janeiro de 2011, quarta-feira. Horário: Por volta de 14h15. Local: Ponto de ônibus da Unicamp. Situação: Esperando o ônibus de volta pra casa depois de bater com a cara na porta trancada do laboratório. Chega um tiozão de óculos "piloto de avião" da RayBan. - Você já viu a Unicamp tão às moscas assim? (com um sorriso exageradamente largo no rosto). Eu, que gosto de ser antipática com pessoas aleatórias na rua, também com meus óculos escuros, olho pro lado contrário ao que ele se encontra e respondo: - Não. Sou nova aqui. - Ah é? Você está fazendo o que? - Mestrado. - Em Educação? (estávamos no ponto de ônibus em frente à Escola de Educação. Mas apenas porque não existe um ponto de ônibus em frente a Faculdade de Engenharia Civil). - Não. Em engenharia civil. - Ah, sim. Eu vou processar a Unicamp por me negar o direito à livre expressão!!! (Oi?) Terminei meu doutorado em Educação no meio do ano passado e até agora eles não publicar...