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Capítulo 135 - RJ x RMC

É um fato muito engraçado quando você se muda de estado. Ainda mais quando sai do Rio de Janeiro pra São Paulo, estados que se declaram inimigos mortais desde a época das capitanias hereditárias (mentira). Você vira uma espécie de agente infiltrado, informante especial, se sente num filme do Leonardo di Caprio, sem saber em quem confiar, alternando quais olhos fechar na hora de dormir e tendo arritmias toda vez que o telefone toca.  Absolutamente todo mundo de Campinas, de colegas da faculdade a atendentes de loja, me fez a mesma pergunta quando declarei ter vindo da cidade dita maravilhosa: mas o Rio é tão violento assim quanto passa na TV? E o mais engraçado é que, ao satisfazer a curiosidade alheia, acabei tendo momentos de pura e íntima reflexão. "Não. O Rio não é tão violento quanto passa na TV. É só você não sair depois das 21h00 sozinho, não ir pra tais bairros, não falar no celular na rua, não seguir o GPS porque ele te manda pro meio das favelas, não sentar ...

Capítulo 134 - Adolescência tardia

É incrível como em plenos 24 anos na cara, sofrendo antecipadamente com a crise do 1/4 de idade, eu tenha que passar por situações que passava na escola, na sexta série. Ou melhor, a palavra que se enquadra mais corretamente não seria "incrível", mas sim "ridículo". Pois bem, entrei num curso de espanhol no meio do ano. Fiz um mês de curso intensivo e em agosto já comecei o segundo nível. Estava muito contente com o resultado, pois em um mês tinha aprendido o suficiente pra tirar o "portunhol" do CV e inserir "espanhol básico". A turma do intensivo, composta por apenas 5 estudantes, era muito boa e extremamente esforçada.  Eis que chego na primeira aula do nível 2 e assustadoramente encontro um grupo de umas 15 pessoas, majoritariamente feminino, falando em... português! "What the fuck is that?", penso eu cá com meus botões. Primeiro, como pode uma turma com tanta gente, se eles mesmo fazem propaganda que a quantidade de aluno...

Capítulo 133 - A hostilidade do mundo

Senti ontem que o mundo estava hostil comigo. Acordei as 6, estava uma chuva do cacete e eu simplesmente não podia faltar a aula na faculdade (1 falta = B, 2 faltas = C, etc). Sai de casa às 7, no melhor estilo londrinho, de bota, guarda-chuva e pullover. Uma rua antes do ponto de ônibus me passa um desgraçado correndo de carro na poça do meu lado e me ensopa IN TEI RA da cintura para baixo, acabando com todo o meu glamour, parando instantaneamente a música de época que tocava na minha cabeça e me fazendo gritar a plenos pulmões "FILHO DA PUTA!" antes do horário comercial. Fui atravessar a rua para o ponto de ônibus. Rua pequena, o sinal de pedestres tinha começado a piscar o homenzinho vermelho, mas eu simplesmente não podia me dar ao luxo de dispensar o ônibus que passaria antes do sinal abrir novamente para mim (os ônibus aqui tem horário marcado e são respeitados). Dei aquela corridinha básica e, quando estava a precisamente um passo de estar com ambos os pés na c...

Capítulo 132 - Geral na nau

Se tem uma coisa que é capaz de acabar com o meu bom humor, me fazer ter crises de bruxismo e elevar meus níveis de cortisol até os picos do Himalaia é ter minha inteligência subestimada. E eu não estou exagerando. Cada vez que uma situação dessas acontece eu passo semanas e até meses remoendo o ocorrido e todos os sintomas voltam à tona. Coitada da minha arcada dentária e Santa Elza Soares me proteja das rugas! Claro que eu não me considero uma Einstein nem nada assim, mas posso dizer com confiança e sem humildade que sou inteligente. E hoje aconteceu uma dessas situações durante a aula de Barragens. Fiz uma pergunta ao palestrante que, não sei se ele não ouviu direito, não entendeu, ou simplesmente não quis responder, só sei que ele respondeu uma coisa completamente trivial e imbecil e eu fiquei com fama de burra para o auditório IN TEI RO! Ai, que ódio!! Minha educação me impediu de corrigir o doutor pela USP na frente de todo mundo. Calei-me e extravasei a raiva escrev...

Capítulo 131 - A disseminação da insuportabilidade

Se a convivência com as pessoas no dia a dia e ao vivo por vezes já é bem difícil, imagina então a convivência virtual. Digo isso porque a internet possui esse poder mágico que possibilita até o mais tímido dos seres colocar uma foto de óculos escuros e linguinha pra fora em frente do espelho no seu perfil e o mais excluído daqueles seus amigos de colégio parecer um jogador de futebol americano pros que não o conhecem na vida real. Ou seja, todo mundo fica potencialmente insuportável! Quando estou naquela semana mais irritável, minha vontade é de excluir 90% da minha lista. Os primeiros que seriam excluídos seriam os fanáticos por futebol. Eu não estou nem aí pra quem é o líder do campeonato brasileiro. Sério. Se o Flamengo ou o XV de Piracicaba forem os campeões, pra mim, a vida continua da mesma maneira. Meu salário não aumenta, minhas contas não vão ser magicamente pagas e meu boletim não vai ser recheado com conceitos A sem eu precisar estudar. Ou seja, caguei pro futebol. ...

Capítulo 130 - Primatas no CNA

Uma coisa que eu sou completamente desprovida é equilíbrio. Vocês, leitores, provavelmente já devem ter percebido isso em um ou outro post, como da vez que eu cai ridiculamente em frente ao ponto de ônibus da UFRJ. Além disso, já ocorreram vários outros episódios que eu nem me dei ao trabalho de contar aqui, para não entediar vocês sempre com a mesma história. Mas vale frisar a vez que eu cai em câmera lenta na hora da formação da linha do Krav Magá e, além de passar vergonha por ter caído na frente da turma inteira, ainda levei um esporro homérico do professor por não ter rolado quando devia. Não sei se é algo físico, se de repente meu pé é muito pequeno ou minha cabeça é muito grande e pesada, ou se é algo fisiológico mesmo, mental talvez. Só sei que essa falta de equilíbrio esteve presente em todos os momentos da minha vida e eu já a tomo como uma característica intrínseca ao meu ser. Eu já cai tanto, mas tanto, mas taaaaanto, que até me acostumei a cair...

Capítulo 129 - Pequenos momentos de diversão cotidianos

Após 43 dias entrando no site do CREA-RJ diariamente para acompanhar o andamento do meu pedido de Registro Profissional Provisório e encontrando o processo no mesmo setor, presumi que simplesmente alguém deveria ter esquecido de atualizar o site e que meu registro estava pronto. Encaminhei-me para o Centro do Rio de Janeiro, também conhecido como "Campo Minado de Bueiros Explosivos", na cara e na coragem pra buscar minha carteirinha nesta última terça-feira. Chegando na recepção, tive a SUPREENDENTE NOTÍCIA de que não, não era um erro do sistema, e que o meu registro ainda não estava pronto, tendo a moça me sugerido ir na "Supervisão" pedir agilidade no processo. Você ter que pedir agilidade no processo é quase que uma "cutucada" no Facebook. É um "Opa! E aí? Que tal vocês fazerem o serviço de vocês pra variar?". Mas tudo bem, peguei a senha número 17 e me encaminhei para a tal supervisão. Arranjei uma cadeira e fiquei observando as pess...

Capítulo 128 - Kiwi e eu

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Tenho um pequeno demônio em casa que gosto de chamar de animal de estimação. Este demônio é um híbrido da raça Pug da espécie Canis lupus e da espécie Sarcophilus harrisii , conhecido como demônio da tasmânia. A esse ser tão peculiar, chamo de Kiwi.  O Monstro. Kiwi tem um comportamento típico de um cachorro de televisão, daqueles que você sempre ouve falar, mas nunca teve um contato real. Vamos aos exemplos mais marcantes: Kiwi uma vez descobriu onde eu guardava o rolo de sacos de lixo. Qual foi minha surpresa ao chegar em casa e me deparar com 30 metros de sacos azuis espalhados pela sala? Sentei e ri. Pior foi quando ela descobriu que desenrolar o papel higiênico era igualmente divertido e estragou uns 3 rolos inteiros até eu perceber que a solução mesmo era deixar a porta do banheiro fechada e ponto final. Um dia igualmente tragicômico foi quando o diabinho escreveu um poema barroco no chão da cozinha com o seu traseir...

Capítulo 126 - No aeroporto

Da última vez que fui ao Rio, ao passar pelo Raio-X, a operadora do aparelho analisou minuciosamente todos os meus pertences e comentou com sua colega de profissão.  "Tem algo estranho na bolsa dela. É algo pontiagudo de metal..." Percebendo a desconfiança, saquei meu chaveiro - uma miniatura da Torre de Pisa que eu ganhei da minha profeta amiga Andréa aos 9 anos de idade e que mais tarde seria o chaveiro perfeito para uma engenheira civil geotécnica. "É o meu chaveiro..." "Ah tá... Tem outra coisa aqui, olha... é maior..." "É o meu estojo de maquiagem..." "Ah sim... nossa... tem algo aqui que também tá estranho... parece um grampeador, não sei.." Eu já olho pra outra mulher com uma cara de "Posso ir embora ou essa novata querendo mostrar serviço vai implicar com tudo que vir no raio-x?", e ela me dispensa com o olhar. Viajo. Chego em casa. Ao desfazer a mochila, me deparo com o meu canivete L...

Capítulo 125 - Murphy volta com tudo

Tem dias em que TUDO dá errado. E normalmente esses dias vem depois de um no qual tudo dá certo. Só pra deixar a gente mais puto ainda. Depois de 3 meses morando em Campinas e sem conseguir ligar meu forno, segunda-feira o técnico da Brastemp aparece aqui de surpresa pra resolver meus problemas. Digo "de surpresa" porque a central de relacionamento NÃO me ligou pra agendar um dia, como combinado, simplesmente mandou o técnico vir pra minha casa. Não vou reclamar pois agora meu forno funciona! Duas horas depois chegam os técnicos da Net pra mudar minha TV pra Net Digital por um preço mais baixo que a Net analógica. Eba! Agora as imagens não tremulam mais, olha que beleza, e eu ainda pago 10 reais a menos por mês! Então, esse foi o dia em que tudo deu certo. Ontem as coisas começaram a desmoronar, pra variar. Pra começar o dia bem, a sola do meu sapato NOVO sai.  Chego em casa com o sapato pela metade e recebo uma correspondência do Banco Santander na portaria do pré...

Capítulo 124 - No banco

Alguns capítulos atrás eu comentei com vocês que costumo andar com um canivete na bolsa. E não, isso não é coisa de psicopata. É coisa de engenheiro. Incontáveis foram as vezes que alguém precisou de uma tesoura, uma faca e uma chave de fenda e lá estava meu canivete à mão!   Pois bem, por ter esse hábito, muitas vezes me pego numa saia justa com os detectores de metal (vocês já sabem o que aconteceu com meu leatherman vermelho no aeroporto - snif!). Mas isso é passado e eu já superei (com a ajuda do meu novo Leatherman prata!). Porém, duas vezes já me ocorreu de ter que ir inesperadamente ao banco pra resolver alguma pendência. E agora? Como entrar no banco com um canivete na bolsa sem me passar por criminosa? A primeira vez eu fui ajudada pelo tempo. A porta parou e na hora eu me lembrei: "Poutz! O canivete!". O segurança olhou pra mim, eu forjei o sorriso mais vendedora do Shop Time que minhas habilidades cênicas me permitiram, ab...

Capítulo 122 - A mudança

Caros leitores, sexta-feira foi um dia especial para  mim. Mudei-me para Campinas. E claro que as coisas deram muito errado. Estou vivendo um período de extremo conflito interior, aliás, já não sei mais se é bom ou ruim ter tantas histórias para contar nesse blog.  Ronaldo diz que eu sou chiliquenta e me desespero à toa. Mas sinceramente, se essas situações descritas a seguir não são o momento mais digno para me desesperar, então eu não sei mais o que poderia ser.  Vamos começar pelo dia da minha inscrição na Unicamp. Além dos documentos básicos para se fazer qualquer coisa coisa nesse país, ainda me exigiram um Certificado de Conclusão de Curso, caso ainda não tivesse recebido o diploma. Acontece que esse Certificado de Conclusão de Curso só é dado a mim no momento da colação de grau, que será dia 21 de Março, então eu retirei na secretaria uma declaração dizendo que eu tinha concluído todos os créditos do meu curso e só faltava a cerimônia solene da colação de ...

Capítulo 121 - Coisas de metrópole

Mogi-mirim, interior de São Paulo. 86 mil habitantes. Sábado à noite na pracinha tomando sorvete de uma sorveteria tradicional.  No banquinho a frente, propagandas históricas da cidade estampadas. No banquinho ao lado, um senhor ouve jazz no alto falante do celular. Pessoas passeiam calmamente com seus cachorros. Namorados apaixonados trocam afetos.  Quando de repente, começa-se a ouvir um psy-trance. Tuntz tuntz tuntz tuntz...  "Mas até aqui os playboyzinhos ficam se mostrando nos seus carros?", pensei eu cá com meus botões.  O som foi ficando cada vez mais alto, mais alto, mais alto.. até que.. PASSAM DUAS CARROÇAS COM ALTO-FALANTES! Ainda tem mogi-miriano que ousa falar de Macaé.

Capítulo 120 - A ignorância é uma bênção?

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Todo profissional vez ou outra tem que aturar pessoas públicas ou anônimas dizendo atrocidades sobre o conhecimento da sua profissão. E o que eu ouço, como engenheira civil, não é brincadeira não, dá vontade de matar um. Primeiro que eu sou Engenheira Civil Geotécnica, ou seja, estudo a parte relacionada ao solo da engenharia civil (fundações, estabilidade de encostas, aterros, etc). Como todo mundo sabe, graças ao imenso programa de prevenção de desastres e monitoração da ocupação de encostas que temos por esse Brasil afora, todo ano acontece uma desgraça relacionada a chuvas e deslizamento de terra. É aí que começa o show de horrores. Todo mundo vira geotécnico do dia pra noite e eu estudei 6 anos pra nada. Os geólogos são os primeiros a aparecer na sua telinha. E eu não tenho nada contra os geólogos, mesmo, mas eles sabem tanto de mecânica dos solos quanto os engenheiros civis de geologia. Ou seja, pouco. Por mim, fica cada um no seu quadrado e está tudo bem. Depois vêm...

Capítulo 119 - Homônimas inconvenientes

Vocês se lembram daquele papo de muito tempo atrás que  as pessoas me mandam e-mails achando que eu sou a Raquel Linhares que eles conhecem  e o quanto isso me emputece? Pois bem. Ainda não me vi livre dessa maldição de ter muitas homônimas. O que anda acontecendo ultimamente é que, não só os amigos das outras Raquéis Linhares que existem no mundo estão me enchendo o saco, como elas próprias, deliberadamente, começaram a utilizar o MEU E-MAIL  pra fazer cadastros em sites! SIM! Isso não é um absurdo? Eu tenho basicamente dois e-mails: o do GMail, que eu utilizo profissionalmente, e o do hotmail, que eu utilizo pra fazer cadastros em sites e receber e repassar besteiras na internet (então se você me manda besteiras, passe a enviá-las pro hotmail, obrigada). Comecei a me dar conta desse abuso quando fui fazer meu cadastro na Saraiva.com e o site acusou que o MEU E-MAIL já era de outra conta. Como assim? Mas o negócio começou mesmo a me encher o saco ...

Capítulo 118 - A chave

Eu sou do tipo de mulher que prefere levar todo o material na mochila do que levar a carteira e o estojo na bolsa e o resto na mão. Vamos ser sinceros e práticos: isso não funciona. Você fica lá toda bonitinha, mas com uma das mãos ocupadas e tendo dificuldade pra tudo enquanto se locomove. Além do que minha mãe sempre me disse que era pra andar com as mãos desocupadas para o caso de eu tropeçar e cair e ter como me apoiar (o que ocorria/e frequentemente). A bosta disso tudo é que eu ainda não tive uma mochila que tivesse um lugar que prende as chaves como a maioria das minhas bolsas tem. Como eu sou uma pessoa super organizada, toda vez que eu chego em casa tenho que ficar que nem uma louca procurando minhas chaves na mochila, muitas vezes tendo que despejar tudo no corredor, expondo minhas intimidades para os vizinhos.  Mas ruim mesmo foi a vez que eu NÃO encontrei  minhas chaves. E claro que tinha que ser na semana que minha irmã estava viajando e no dia que eu che...

Capítulo 117 - Post meramente ilustrativo

Os anos vão passando e cada vez mais cedo nós temos panettone e chocottone nos supermercados. E, não, eu não tenho reclamação nenhuma a respeito disso, a não ser que a gente passa quase metade do ano com a sensação de que o ano está acabando. Mas eu vou reclamar a respeito da embalagem do chocottone, ainda mais daqueles que tem cobertura, mousse ou trufa. Acho que o designers poderiam gastar um pouquinho mais de tempo e criatividade criando uma embalagem na qual você não precisa sujar quase até os cotovelos pra pegar o produto. E propaganda mais enganosa do que de embalagem de chocottone só mesmo do Mc Donald's, onde você fica esperando ser servido de um hambúrguer e recebe um reciclado de papelão com uma salada xexelenta prensado num tostex. Deveria ter uma placa escrita "Imagem meramente ilustrativa seja louvada" nessas fábricas, já que essa "máxima" os livra de qualquer processo de propaganda enganosa. Aliás, já que a imagem é meramente ilustrativa e...